Gaetz acusa McCarthy de atuar de forma dissimulada a favor dos interesses dos Democratas, ao ter desenhado um acordo bipartidário que, nas últimas horas, permitiu evitar a paralisação do Governo do Presidente Joe Biden, frustrando as promessas que tinha feito ao seu próprio partido, de intensificar a vigilância à ação da Casa Branca.

"McCarthy fez um acordo com os conservadores americanos em janeiro, quando assumiu o cargo. Desde então, tem violado esse acordo de forma flagrante e visível", disse Gaetz em comentários à cadeia televisiva CNN.

Para o congressista que representa a ala mais radical do partido, próxima do ex-Presidente Donald Trump, a gota de água foi o comportamento de McCarthy durante as negociações para evitar a paralisação do Governo Democrata.

Gaetz disse estar convencido de que o líder da maioria Republicana na Câmara agiu em conluio com os Democratas para aprovar a prorrogação de financiamento do Governo por 45 dias, conseguida nas últimas horas.

"Estou convencido de que ele tinha um acordo secreto com os Democratas para discutir rubricas orçamentais relativas à entrega de ajuda à Ucrânia. Todos têm a sua opinião sobre a participação dos Estados Unidos na guerra na Ucrânia, mas, independentemente do que as pessoas pensem, estas conversas deveriam ter sido públicas", defendeu o congressista.

Por todas estas razões, Gaetz anunciou que apresentará uma moção de censura na próxima semana, alegando que "é necessária uma liderança nova e fiável", explicando que "ninguém confia em McCarthy, um homem que mente a toda a gente".

A moção de censura só será aprovada com um total de 280 votos a favor na Câmara dos Representantes, onde os republicanos têm 221 cadeiras, pelo que serão necessários não só os votos de toda a bancada, mas também 59 votos adicionais dos representantes Democratas, o que torna a tarefa particularmente difícil.

Gaetz evitou responder se tem os votos necessários, incluindo os do seu próprio partido, mas garantiu que tem o suficiente para provar que se McCarthy ainda for líder no final da próxima semana, é porque os Democratas o consideram um aliado.

No sábado, quando Kevin McCarthy marcou a votação de uma proposta de última hora para tentar evitar a paralisação das atividades do Governo por falta de fundos, explicou que se tratava de "votar um 'remendo' de financiamento [...] para manter o Estado a funcionar".

Perante a possibilidade de ameaças dos conservadores mais radicais, McCarthy reagiu: "Se eles querem expulsar-me porque quero ser o adulto na sala, que vão em frente e tentem. Mas acho que o importante é o país e estarei com o nosso Exército, estarei com os nossos agentes de fronteira e irei estar com quem precisa de receber medicação", prometeu McCarthy, referindo-se a vários serviços e setores que seriam afetados pela paralisação do Governo.

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