Serguei Lavrov afirma que o cenário de guerra e destruição em Gaza acabaria se os Estados Unidos colocassem fim ao apoio a Israel. O atual ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia diz também que se trata de "uma consequência do fracasso da política dos EUA" e criticou a ineficácia do Conselho de Segurança da ONU.

O líder da diplomacia russa responsabilizou, esta quarta-feira, os Estados Unidos pela "explosão de violência sem precedentes" no Médio Oriente e pelo "derramamento de sangue" em Gaza, argumentando que tal acabaria se Washington travasse o apoio a Israel.
"Colegas, a atual explosão de violência sem precedentes no Médio Oriente é em grande parte uma consequência do fracasso da política dos Estados Unidos da América (EUA) na região", avaliou Serguei Lavrov, que presidiu, esta quarta-feira, ao debate trimestral do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a situação no Médio Oriente, com foco na questão palestiniana.
"Fornecendo cobertura diplomática às ações de Israel e fornecendo-lhes armas e munições, Washington, é claro para todos, tornou-se um complexo diretor no conflito, tal como acontece com a situação na Ucrânia. Se os EUA cessassem o seu apoio, o derramamento de sangue cessaria, mas os EUA ou não querem ou não podem fazê-lo", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, país que assume este mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU.
Lavrov criticou ainda a ineficácia do Conselho de Segurança em travar a guerra na Faixa de Gaza, uma vez que as resoluções aprovadas continuam sem pôr um fim ao conflito entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.
"Quatro resoluções foram adotadas. No entanto, o derramamento de sangue em curso nos territórios palestinianos ocupados apenas reafirma que todas essas decisões permaneceram escritas no papel", observou o político russo.
Por sua vez, a embaixadora norte-americana junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, saiu em defesa do papel de mediador que Washington tem desempenhado na procura por um cessar-fogo.
"Como este Conselho bem sabe, nada é fácil em relação a garantir a paz. E o progresso não é certamente tão rápido como todos desejaríamos que fosse. Vemos isso nas negociações em curso para um cessar-fogo imediato com a libertação de reféns em Gaza", observou a diplomata, enaltecendo a persistência dos Estados Unidos, Qatar e Egito neste processo.