A sensação que este Sporting vai deixando, o Sporting do ano civil 2024 e não apenas o Sporting 2024/2025, é que tudo se resolve. O problema não parece ser o triunfo, antes o número de golos que marcará. Até ontem, antes de Arouca, cumpridas quatro jornadas da Liga, o mínimo tinham sido os dois apontados ao FC Porto (2-0), na jornada anterior. Antes: 3-1 ao Rio Ave, 6-1 ao Nacional, 5-1 ao Farense. Esperava-se, pois, uma goleada ou, pelo menos, uma vitória bem tranquila em Arouca. Assim foi na jornada 5 e, para já, 19 golos em cinco jogos na Liga, média de 3,8 golos por jogo.
O jogo começou com uma floresta de pernas e braços à frente dos jogadores mais adiantados do Sporting, estratégia natural de uma equipa que luta para sobreviver e que sabia que, de momento, pelo menos de momento, o líder do campeonato anda esfomeado e quase insaciável. Mesmo assim, os leões precisaram de muita paciência para se colocar na frente do marcador, apesar de os primeiros 25 minutos terem sido quase um massacre ofensivo, chegando a parecer, por vezes, que os jogadores do Arouca tinham entrado demasiado cedo em défice de oxigénio.
Porém, sendo o controlo de jogo do Sporting asfixiante, encostando o adversário bem junto à sua grande área, deixando tantas vezes o bielorusso Marozau a meio do meio-campo arouquense, não foram muitas as oportunidades flagrantes de golo por parte dos leões. Podiam ter surgido mais golos, sim, mas, excluindo um desvio de cabeça de Gonçalo Inácio por cima da baliza, o guarda-redes Mantl não passou por calafrios em catadupa.
Porém, ao minuto 24, na sequência de combinação entre Quenda e Trincão, sobre a direita, este fez um cruzamento milimétrico para a pequena área, onde estava Pedro Gonçalves para, de cabeça, colocar o Sporting na frente. Era, no fundo, o primeiro passo para uma vitória que todos os sportinguistas confiavam que fosse dilatada, tal como nas quatro jornadas anteriores.
Em desvantagem no marcador, o Arouca conseguiu, como tantas vezes acontece quando uma equipa passa a estar a desvantagem, sacudir a intensíssima pressão do Sporting e teve algumas aproximações à área contrária, embora sem grande perigo. Os leões, sabendo que o mais difícil estava feito e na sequência de 25 minutos de alta intensidade, aproveitaram para tentar descansar, entregando a bola ao adversário.
Ao intervalo, Gonzalo Garcia mexeu no onze, trocando Marozau e Ivo Rodrigues por Sylla e Trezza, tentando trazer mais consistência ao meio-campo e mais mobilidade ao ataque, pois Marozau fora unidade de utilidade quase nula. Assim, o Arouca equilibrou de algum modo, embora de forma momentânea, as operações. O Sporting, por seu turno, parecia uma cobra quase imóvel à espera de mais um golpe fatal.
Esse golpe apareceu ao minuto 62, numa fuga de Nuno Santos pela esquerda e um cruzamento perfeito para Loum fazer autogolo. Longos minutos depois, porém, veio o veredito do VAR: fora de jogo do 11 leonino, 0-1 a manter-se.
Mesmo em vantagem mínima, Rúben Amorim não mexeu no onze. E logo aos 73, num penálti apontado por Gyokeres (João Pinheiro foi ao VAR mudar a decisão inicial), o Sporting aumentou para o 2-0, bem mais consentâneo com a esplendorosa forma atual e com a diferença abismal que, até agora, tem demonstrado sobre todos os adversários na Liga.
Só então o treinador leonino decidiu alterar. Primeiro, Matheus Reis por Diomande e Nuno Santos por Geny Catamo (75); depois, Quenda pelo estreante Maxi Araújo e Hjulmand por Morita (78). Faltava, porém, mais um golo, aquele (ou aqueles) que mantivessem o Sporting na senda de mais uma mini-goleada, a exemplo do que acontecera, fora de casa, com Nacional e Farense.
E esse terceiro golo apareceu por intermédio do melhor jogador em campo e acabou por ser o melhor dos três golos, com Trincão a pegar na bola, driblar quem lhe apareceu na frente e a rematar, forte e colocado, para o 3-0 final. Três minutos depois, Amorim trocou-o por Edwards. Fez bem. Deu-lhe uns minutinhos de descanso antes do jogo com o Lille e ofereceu-lhe ainda os merecidos aplausos dos adeptos leoninos.