No meio das dúvidas e questões que o Mundial de Clubes continua a suscitar, esta semana foi uma boa semana para o projeto particular e bem pessoal de Gianni Infantino, presidente da FIFA, homem que, inusitadamente, terá o seu nome gravado no troféu não uma, mas duas vezes, para não nos esquecermos de quem é o pai da criança. Voltemos às pequenas vitórias: em poucas horas, a competição que no próximo verão vai juntar 32 equipas de todo o planeta, atravancando ainda mais o calendário internacional de futebol, conseguiu segurar mais um patrocinador, o Bank of America, e um acordo com a DAZN para transmissão a nível global e de forma gratuita dos 63 jogos da prova, onde Benfica e FC Porto serão os representantes de Portugal.

E será já a DAZN que irá transmitir o sorteio do primeiro Mundial de Clubes com 32 equipas, a partir das 18h de Lisboa, em direto de Miami, cidade que irá também receber o jogo de abertura no dia 15 de junho.

Gianni Infantino tem insistido em falar de um torneio “inclusivo” e com base no mérito (que serviu para todas as equipas menos para o Inter Miami, de Lionel Messi, convidado de honra enquanto clube do país anfitrião, apesar de ter caído na 1.ª ronda dos play-offs da MLS) e os procedimentos do sorteio desta tarde asseguram, diz a FIFA, “um equilíbrio competitivo e diversidade geográfica durante a fase de grupos”, onde os 32 clubes, distribuídos em quatro potes, serão colocados em oito grupos.

Paris Saint-Germain e Bayern Munique estão no pote 1 do sorteio
Paris Saint-Germain e Bayern Munique estão no pote 1 do sorteio Sebastian Widmann - UEFA

Assim, o pote 1 terá as quatro equipas com melhor ranking na Europa e as quatro equipas com melhor ranking na América do Sul.

Manchester City (Inglaterra)
Real Madrid (Espanha)
Bayern Munique (Alemanha)
Paris Saint-Germain (França)
Flamengo (Brasil)
Palmeiras (Brasil)
River Plate (Argentina)
Fluminense (Brasil)

O pote 2 terá as restantes oito equipas da Europa, incluindo Benfica e FC Porto.

Chelsea (Inglaterra)
Borussia Dortmund (Alemanha)
Inter Milão (Itália)
FC PORTO (Portugal)
Atlético Madrid (Espanha)
BENFICA (Portugal)
Juventus (Itália)
Salzburgo (Áustria)

No pote 3 estarão as duas equipas com ranking mais alto da Ásia, África e região da América do Norte e Central, respetivamente, às quais se juntam as duas equipas restantes da América do Sul.

Al Hilal (Arábia Saudita)
Ulsan HD (Coreia do Sul)
Al Ahly (Egíto)
Wydad AC (Marrocos)
Monterrey (México)
Club León (México)
Boca Juniors (Argentina)
Botafogo (Brasil)

O pote 4 vai juntar as duas restantes equipas da Ásia, África e América do Norte e Central, além do representante da Oceania e a equipa da nação anfitriã.

Urawa Red Diamonds (Japão)
Al Ain (Emirados Árabes Unidos)
Espérance Sportive de Tunisie (Tunísia)
Mamelodi Sundowns FC (África do Sul)
Pachuca (México)
Seattle Sounders (Estados Unidos)
Auckland City (Nova Zelândia)
Inter Miami (Estados Unidos)

Benfica e FC Porto representarão Portugal no Mundial de Clubes
Benfica e FC Porto representarão Portugal no Mundial de Clubes JOSE SENA GOULAO

Os constrangimentos

O primeiro constrangimento do sorteio é logo um constrangimento apenas para alguns, mas que dará muito trabalho na hora de separar as bolinhas que vão rolar em cada bombo, antes de serem recolhidas por uma qualquer mão de um qualquer famoso que ajude ao sorteio. Assim, cada grupo só poderá ter uma equipa de cada confederação, com a exceção da Europa, não fosse o cardápio do Mundial de Clubes dominado pelos 12 emblemas da UEFA. Quatro entre os oito grupos da competição terão obrigatoriamente duas equipas da Europa. Mas equipas do mesmo país não podem calhar no mesmo grupo.

As equipas do pote 1 serão colocadas sempre no primeiro lugar do grupo para onde forem sorteadas.

Já o Inter Miami e o Seattle Sounders serão obrigatoriamente colocados na 4.ª posição dos grupos A e B, para que assim possam arrancar a prova nos seus respetivos estádios.

Mas há constrangimentos mais complicados. Haverá dois caminhos de quatro grupos, com o objetivo de “garantir o equilíbrio competitivo”, diz a FIFA. E por isso as duas melhores equipas do ranking da Europa (portanto, Manchester City e Real Madrid) e as duas melhores equipas da América do Sul (Flamengo e Palmeiras) serão colocadas em caminhos diferentes, para que só se possam encontrar nas meias-finais caso vençam os respetivos grupos. O mesmo princípio servirá para as equipas da UEFA e da CONMEBOL com o 3.º e 4.º ranking nas respetivas confederações.

As quatro principais equipas da Europa e América do Sul também serão colocadas em grupos que previnam que se encontrem antes das meias-finais caso vençam os respetivos grupos.

A FIFA sublinha que todo o mapa de jogos e distribuição de grupos e equipas por estádios e horários de apito inicial só serão divulgados após o sorteio e este verdadeiro puzzle terá em consideração “um conjunto de fatores”, desde critérios “desportivos e relacionados com os jogadores”, “adeptos” e transmissões televisivas “a nível global”. Que trabalheira.

Cinco dos estádios do Mundial de 2026 já serão utilizados na nova prova, que se vai fixar na costa este dos Estados Unidos (com exceção de Seattle e Los Angeles).

Confuso? É natural. Esta tarde, às 18h, tudo ficará aparentemente mais claro, naquele que é mais um passo para ultrapassar as dores de crescimento que têm sido uma constante na história deste alargado Mundial de Clubes. O sorteio parece ser apenas um espelho desta confusão.