Copa América 2024, sinónimo de caos, confusão e polémica. A prova viveu e deu palco a tudo aquilo que o desporto rei não deve ser ou representar. O futebol sul-americano jogou-se no norte da América - casa do próximo Mundial - e o resultado ficou à vista de todos.

Com o decorrer simultâneo do EURO 2024, é normal que o foco luso tenha incidido, sobretudo, na competição que diz respeito à seleção nacional. Contudo, como nada escapa ao zerozero, mergulhámos na realidade que o outro continente, também ele apaixonado por futebol, vivenciou este verão. Os factos, os episódios e as preocupações, tudo explanado nesta peça.

A gota de água

Here’s the video of Nunez jumping up into the stands. He is told something by his significant other before he goes ballistic. #Uruguay #Colombia #CopaAmerica pic.twitter.com/Wvg8TXGi0b

— Favian Renkel (@FavianRenkel) July 11, 2024

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O momento, por razões tudo menos felizes, ficou viral nas redes sociais. Sobretudo, o vídeo que envolveu Darwin Núñez, ex-jogador do Benfica, que subiu à bancada para proteger a família e, para isso, confrontou os adeptos da Colômbia.

«Nos EUA, entras na casa de outra pessoa e o "direito da proteção" existe, certo? Proporcionalmente, os dirigentes uruguaios tentam impedir que os adeptos cheguem perto deles [adeptos uruguaios] e o resultado é terem de voltar para o Uruguai antes que sejam presos. Onde é que já se viu isto? (...) Os futebolistas foram obrigados a fazer isto! A sanção não pode ser para os futebolistas; tem de ser para aqueles que os obrigaram a agir daquela forma! Deixaram-nos sem opção», rematou Bielsa, visivelmente enfurecido.

Desacatos nas meias, caos na final

Sabe, certamente, a que nos referimos, caro leitor. Em Miami, a partida decisiva, a mais importante de todo e qualquer torneio, agendada em primeira instância para as 01h00 da manhã - horas portuguesas -, tardou em começar. Na verdade, demorou pouco mais que uma hora e vinte minutos para soar o apito inicial.

Nas horas que antecederam à partida, centenas de adeptos tentaram entrar no estádio sem possuírem o bilhete para o jogo: uma situação nem vista no terceiro mundo. Entre a imoral ilegalidade e o desejo de ver história ao vivo, os adeptos tornaram visíveis as dificuldades organizativas de um país que, reforçamos, vai receber o Campeonato do Mundo de 2026.

Duas crianças em lágrimas antes do jogo @Getty /

Caos e detenções; um pânico a roçar a tragédia e, por fim, o inevitável adiamento. Longe de ser bonito, longe de ser espetáculo, longe de ser futebol.

Uma organização que menosprezou o fanatismo dos adeptos sul-americanos? Que não tem arcaboiço para acolher uma grande prova? Ou que se desprende de culpas face a estes atos ilegais? As conclusões não são exatas e dependem da interpretação de cada um.

Na reação imediata ao sucedido, a organização da prova - CONMEBOL - recorreu às redes sociais para «informar que os adeptos sem bilhete não podiam entrar no estádio». Uma informação pouco necessária e que, certamente, não terá acalmado as águas, qual poção milagrosa.

Mais tarde que o suposto, o jogo - que passou para segundo plano - realizou-se. Muito provavelmente, com mais pessoas no interior do estádio que o suposto. Outro chocante vídeo também se espalhou rapidamente pelas redes sociais. Dezenas de adeptos colombianos a tentarem entrar... pela ventilação do estádio. Uma forma pouco comum, ortodoxa e, logicamente, bastante perigosa.

O The New York Times esteve no local e falou com Mora Bendesky, adepta argentina que vive no México. Bendesky explicou que chegou ao estádio cerca de 90 minutos antes do esperado apito inicial e que por lá encontrou os portões fechados e dezenas de polícias armados; a adepta admitiu que sentiu medo quando deu por si e viu uma infindável quantidade de cabeças à sua volta. Ainda atirou a seguinte - e curiosa - frase: «A organização conseguiu 27 minutos de Shakira [cantora atuou no intervalo - maior do esperado, como pode verificar], mas não conseguiu scanear o meu bilhete.»

Mais registos da sufocante confusão @Getty /

Daniella Levine, a mayor - prefeita - do Condado de Miami-Dade, reagiu no dia seguinte à partida e mostrou-se indignada. Além disso, salientou que foram destacadas 550 polícias para o local, mais 300 do que para o Super Bowl de 2020.

Também um dia após a final, a polícia de Miami emitiu um comunicado sobre os desacatos pré-jogo e anunciou a detenção de 27 adeptos, incluindo o filho e o presidente da federação colombiana - atacaram, alegadamente, alguns seguranças no acesso aos elevadores. Além disso, retirou também 55 adeptos do interior do recinto e, por fim, prometeu mais segurança e preparação para o Mundial 2026.

É com este olhar para o futuro que findamos esta peça. 2026 - e o respetivo Mundial - está aí à porta. Estarão os Estados Unidos à altura do suposto, exigido e esperado, ou a terra das oportunidades, com cidades que nunca dormem, será um gritante caso de potencial desperdiçado?