A bolsa nova-iorquina fechou esta segunda-feira em queda acentuada, no seguimento das outras bolsas internacionais, com os investidores a contraírem-se perante o risco de recessão nos EUA e a apreciação do iene. Os resultados da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones, que viveu a sua pior sessão desde 2022, acabou a perder 2,60%, o tecnológico Nasdaq a desvalorizar 3,43%, para o mínimo desde maio, e o alargado S&P500 a recuar três por cento, no que foi o seu pior dia nos últimos dois anos.

Estas quedas na praça nova-iorquina foram antecedidas pela forte baixa do Nikkei nipónica que caiu 12,4%, no que foi o seu pior dia desde 1987. O índice VIX, também conhecido como 'o índice do medo', porque mede a volatilidade do mercado, atingiu na sessão o seu máximo desde março de 2020, no início da pandemia do novo coronavirus.

O dia negativo dos mercados, depois de o Nikkei nipónico ter fechado a desvalorizar 12,45%, foi "uma combinação de vários fatores, entre o medo de um arrefecimento da economia dos EUA e o resultado do 'carry trade' sobre o iene", destacou Peter Cardillo, da Spartan Capital.

Os fundos especulativos estão a desfazer-se do seu 'carry trade', que consiste em se endividarem em ienes a taxas de juro baixas, para investir em ativos arriscados, como as ações ditas de crescimento do Nasdaq. Mas agora que o iene valoriza-se e o Banco do Japão abriu a porta à subida das taxas, "o dinheiro sai do mercado de ações, em particular no Japão", detalhou Cardillo.

Os índices de Wall Street tinham começado a baixar na sexta-feira, depois de se conhecerem os números do mercado laboral relativos a julho, que mostraram uma subida da taxa de desemprego para 4,3%, em vez dos 4,1% esperados, e uma criação de 114 mil empregos, depois dos 179 mil em junho. "Mas há que manter a cabeça fria e ver que os dados de criação de emprego continuaram positivos", relativizou Peter Cardillo.

Sam Stovall, da CFRA, alinhou pelo mesmo tom, ao considerar que "os investidores adotaram um estado de espírito do tipo 'dispara-se primeiro, pergunta-se depois'". Este analista realçou ainda a notícia de o multimilionário Warren Buffett ter cedido metade das suas participações na Apple desde o segundo trimestre, aumentando os seus ativos em liquidez, mais do que em ações, criou nervosismo entre os investidores.

Durante a apresentação dos seus resultados, o grupo Berkshire Hathaway, que acabou o dia a recuar 3,41%, revelou que alienou 49% dos títulos na empresa, depois de já ter alienado 13% no primeiro trimestre. A Apple acabou a sessão bolsista em recuo de 4,82%.